sexta-feira, 29 de junho de 2012

A Noite de Hoje (madrugada de 26-junho-2012)

Loucas não, Indignadas. Abaixo o Manicômio! (1,20x1,20)

                                                          Musicos e Bailarina (1,20x1,50)
                                                                   (1,20 x 1,20)
                                                          Músico com clarim  e Bailarina (1,00x1,20)
                                                                Greve! (0,70x1,00)
                                                    Bailarina com Musicos com viola e saxofone
                                                                        (0,80x1,20) 
                                                             Acrilica sobre tela (1,00x1,20)
                                                   Bailarina e músicos com atabaque e clarim (1,2x1,2)

           É vespera do dia em que Marina, minha mulher, terá que fazer novos exames solicitados pela cardiologista. Sairemos às cinco horas da manhã em virtude do horário dos exames e da distancia até o hospital em São Paulo. É meia noite, faz frio e não consigo dormir. Não, eu não estou preocupado com os exames da companheira nem com os meus exames que não farei. Preocupa-me o passado, pessoas que desapareceram de minha vida e de uma pessoa em especial que apesar de longe se faz presente outra vez e outra vez mais. De uma pessoa em especial que me faz falar sozinho, como agora, e que me faz sentir saudade. Não dói esta saudade que se me apresenta forte como se fosse atual, agora mesmo, neste instante, mas... Não dói esta saudade que me persegue, gostosa de sentir, mas intolerável porque apenas saudade... Não dói, mas machuca porque traz de volta esta pessoa que me toca sem que eu sinta seu tocar e se deita comigo e me faz carinho e se faz dengosa como sempre se fez e faz com que seu existir não exista... Não dói esta saudade que me impede de pintar outros rostos, outras caras, outras pessoas. Pessoas como esta pessoa de meu passado que me aparece em sonhos que sonho acordado, bobo de pensar que está de volta quando não está. Pessoas estas que não me interessam no plural porque só uma pessoa singular, esta pessoa que é saudade e que está deitada comigo agora mesmo e que irá comigo amanhã aonde quer que eu vá... Ah, meu Deus do Céu, porque será que as abstrações da vida de repente se tornam reais, memorias que se tornam reais, acontecimentos, dias passados e aquele maldito último dia de amor? Por que voce se foi se nunca mais me deixou, e nunca mais me deixa e me persegue trazendo momentos maravilhosos e invisiveis e inexistentes e impossíveis?... Por que será que esta riqueza que me habita é sua, mas que está em meu poder fazendo com que eu sinta o prazer de possuí-la sempre que quizer, mas que é efêmera como fumaça que se esvai, fumaça que eu tento segurar com as mãos, efêmera como minha própria vida que tambem se esvai dia a dia e que não posso segurar com as mãos e que quando se for, esta vida, porá tudo a perder e fará com que esta riqueza se perca e que este existir não exista...(Wanderley Ciuffi)

Um comentário:

Gustavo C. de Sá Mazzutti disse...

Quanta sutileza na emoção envolvem suas palavras, concretas e reais, sobre sentimentos e as sensações do agora, efêmeras. Lindo.
Tenho uma tela por você assinada, e mesmo que tratando de outro tema, achei da mesma delicadeza nas emoções. Obrigado!